A segunda semana da COP30 começou com a chegada de cerca de 160 ministros e chefes de delegação, marcando a transição para a fase mais determinante da conferência. É o momento em que debates técnicos ganham dimensão política e os países precisam transformar intenções em caminhos concretos. As decisões tomadas agora devem orientar o próximo ciclo global em mitigação, adaptação e financiamento climático. 

A primeira semana, do ponto de vista das negociações, fluiu bem. Temas chave foram estruturados, com destaque para justiça climática, mecanismos de financiamento e a multiplicidade de atores presentes no processo. Houve também a confirmação do que já se esperava: a sociedade civil se mobilizou de forma enfática, reforçando a urgência de incluir populações vulneráveis no centro das soluções climáticas. A amplitude de temas e perspectivas traz uma abordagem mais completa para os desafios, mas também maior complexidade para sua governança.

Nesta segunda etapa, alguns pontos concentram maior atenção. Entre eles, o esforço por construir convergência em torno do afastamento acelerado dos combustíveis fósseis, tema que exige clareza, previsibilidade e coerência com as metas de longo prazo. Também há

expectativa de avanços no financiamento climático pós-2025, essencial para viabilizar ações de mitigação e adaptação em escala. Ganha relevância aqui o “mapa de Baku a Belém”, que busca consolidar mecanismos financeiros mais robustos e operacionais.

Além disso, seguem em discussão metas de adaptação, indicadores de transparência e o alinhamento das estratégias nacionais ao novo ciclo de revisão das NDCs. São debates que carregam desafios diplomáticos, pois precisam equilibrar realidades econômicas distintas e, ao mesmo tempo, responder ao chamado crescente por resultados mais tangíveis.

Fora dos corredores, Belém viveu no sábado a Marcha Mundial pelo Clima, que reuniu movimentos sociais, juventudes, coletivos indígenas e comunidades amazônicas. A manifestação destacou a força da região na agenda climática global e reforçou que as decisões tomadas nesta semana dialogam diretamente com realidades que já enfrentam impactos ambientais severos.

Com tantos elementos em jogo, técnicos, sociais e diplomáticos, a expectativa é de acompanhar avanços concretos nos principais temas colocados, especialmente no campo do financiamento. A COP30 entra em sua fase mais decisiva com a responsabilidade de mostrar que os consensos construídos até aqui são capazes de se traduzir em implementação real.