Cobertura COP30 – Dia 3: Riqueza de vozes e atores pode acelerar ação climática

O terceiro dia da COP30 começou com muitos comentários sobre o protesto realizado ontem, quando alguns manifestantes forçaram a entrada na área restrita do evento após a saída da maioria dos participantes. Segundo a presidência da conferência, “acontece em um país democrático”. O episódio evidencia o caráter plural desta COP, marcada pela presença ativa da sociedade civil e pelo debate aberto, refletindo o ambiente de liberdade e diversidade de vozes que a Cúpula dos Povos vem simbolizando em Belém.

Um dia após a invasão da área restrita da COP30, Belém amanheceu com novos atos de mobilização. A “barqueata” reuniu mais de 150 embarcações e milhares de participantes, entre povos indígenas, ribeirinhos, quilombolas e ativistas de mais de 60 países, que navegaram pelo rio Guamá até o campus da Universidade Federal do Pará. O ato marcou o início da Cúpula dos Povos e transformou a energia dos protestos da véspera em uma manifestação simbólica de resistência e união, reforçando o protagonismo das vozes tradicionais e o chamado por justiça climática e territorial.

Paralelamente aos debates oficiais, essa mobilização reforça a importância de incluir quem vive na linha de frente dos impactos ambientais nas decisões sobre o futuro do planeta. A multiplicidade de perspectivas tem tornado a COP30 uma conferência mais inclusiva e representativa.

A pluralidade também se manifesta no diálogo entre ciência e política. No Pavilhão da Ciência Planetária, liderado por Johan Rockström e Carlos Nobre, pesquisadores entregaram à presidência da conferência um documento com recomendações baseadas em evidências. Essa contribuição representa um chamado à ação ancorada na realidade planetária e nos limites ecológicos já identificados pela ciência.

Esse ambiente de abertura favorece o surgimento de novas pontes. A iniciativa SB COP, articulada pela CNI, busca estruturar e dar continuidade à contribuição do setor privado ao processo multilateral, um passo relevante para que empresas passem de observadoras a parceiras na implementação de soluções climáticas.

Porém, nem todos os debates são harmoniosos. Em carta enviada ao Brasil, a Colômbia cobrou uma postura mais firme contra os combustíveis fósseis, o que expôs divergências regionais sobre o ritmo da transição energética. O episódio reforça que a diversidade de vozes também traz tensões, especialmente quando há dissonância entre discurso e prática.

A crise climática é complexa demais para caber em poucas vozes. É na pluralidade e na capacidade de transformar conhecimento, mobilização e compromisso político em ação concreta que reside a esperança de avançar.