Cobertura COP30: Dia 2 – Justiça climática: o planeta vai continuar por aqui, precisamos salvar as pessoas.

No segundo dia da COP30, em Belém, o calor humano da sociedade civil se fez ouvir. Um dos muitos protestos organizados no entorno do evento trazia uma mensagem simples e poderosa: “pessoas em primeiro lugar”. Em meio a negociações técnicas e anúncios institucionais, esse grito resume o que talvez seja a questão mais importante da conferência — a urgência de colocar a vida no centro da ação climática.

Ontem, durante um evento ministerial de alto nível, foi apresentada a Declaração de Belém sobre fome, pobreza e ação climática centrada nas pessoas, assinada por 44 países. O documento propõe medidas concretas para fortalecer a proteção social, apoiar pequenos produtores e promover transição justa em regiões sensíveis. Trata-se de um reconhecimento claro de que não há justiça climática sem justiça social, e de que combater a fome e a pobreza deve caminhar junto com o enfrentamento da crise climática.

As políticas públicas são, evidentemente, o principal instrumento para responder a esse desafio. Mas a tecnologia pode, e deve, desempenhar um papel importante. O Brasil apresentou iniciativas nessa direção, como sistemas de alerta para riscos de eventos extremos, capazes de salvar vidas e reduzir perdas em comunidades vulneráveis.

Na mesma linha, Ana Toni, diretora-executiva da COP30, anunciou o Green Digital Action Hub, plataforma que reúne 82 países e organizações globais, entre elas o Banco Mundial e a União Europeia, para integrar soluções digitais às ações climáticas. É um passo relevante para conectar inovação tecnológica, cooperação internacional e impacto social. Três dimensões que raramente caminham juntas, mas que precisam se encontrar para que a transição seja, de fato, justa.

Outro tema que vem ganhando destaque em Belém é a agricultura regenerativa, apontada como uma via prática para unir produtividade, preservação e desenvolvimento humano. Casos apresentados por diferentes países mostram que é possível produzir mais, restaurar ecossistemas e gerar renda ao mesmo tempo.

Enquanto as negociações avançam e as promessas são discutidas, o lembrete das ruas continua ecoando: o planeta, em si, vai continuar. O que está em jogo é a sobrevivência e o bem-estar das pessoas. A COP30 precisa ser lembrada como o momento em que entendemos, de uma vez por todas, que salvar o clima é salvar vidas.